quinta-feira, 23 de abril de 2009


Habita em mim o vazio ou algo semelhante.
Antes fosse oco, como um santo de madeira,
que oculta tesouros que a traça rói,
mas se faz tão presente que qualquer conjectura
acerca de seu nada nulificante é refutada,
pois o vazio não esvazia, mas, de alguma forma, plenifica-me.
Não totalmente, é claro.
Sempre sobra algo: uma ausência levemente dolorosa, por exemplo.
Mas exatamente por ser assim ou por se fazer assim
é que se torna dádiva o que era antes maldição milenar.
O vazio me preenche de opacidade, de ar, de vento, de ambigüidade, de fluidez,
me faz leve, me faz viva.
Impele-me a buscar, me faz constantemente nova.
O vazio dadivoso entranhado em meu peito,
me faz ser o que não sou e não ser o que sou.
Pesa pouco.
Menos que uma dor.
Talvez por isso mesmo, seja tão difícil carregá-lo.
O vazio me engana e seduz.
Faz buscar dentro o que é fora e fora o que é dentro.
Me traz falta e me leva pedras.
Vazio, meu vazio...
É tão estranho.

Só você me faz odiar e amar ao mesmo tempo.

3 comentários:

Roberto Ney on: 26 de abril de 2009 às 13:03 disse...

lindo...
uma explosão de intensos sentimentos...
" foragidos sentmentos escondidos,
aprisionados por uma prisão invisivel, uma cela transparente, de vidro, frágil angustia intransponivel"...
abraço

LELLI LUMINO on: 9 de maio de 2009 às 15:02 disse...

Adorei! Vou vir aqui de vez enquando...

Grasi on: 17 de maio de 2009 às 05:58 disse...

Sem comentarios,simplismente Lindo!
Grasi.

 

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