Distância




segunda-feira, 6 de agosto de 2007
Meu amor está longe.
Lá em Minas talvez.
Ou mais longe ainda,
em outras regiões:
No frio do Sul,
na terra seca do Nordeste,
nas doces águas do Amazonas.

Meu amor está mais longe.
Na, nem tão próxima, Argentina,
talvez esteja no Chile,
meu amor pode estar no Chile.
Do outro lado do Atlântico, talvez.
Pode estar em Togo ou em Portugal,
no sol mediterrâneo da Espanha
ou no branco das neves nórdicas.

Meu amor está, talvez, mais longe.
Nos picos do Himalaia, talvez,
no deserto australiano ou no Yang-Tsé,
Numa das milhares de ilhas do Pacífico,
nos templos hindus, nos prédios de Tóquio.

Meu amor está mais longe, muito mais longe.
Talvez esteja nas profundezas do mar,
em Atlântida ou no Eldorado.
Talvez esteja nas cinzas dos poemas astecas e maias
ou na grafia tridimensional incaica,
pulverizados pelo sol mediterrâneo.

Meu amor está longe, muito, muito longe.
Está além do céu.
Meu amor talvez esteja nas nebulosas,
na constelação de Câncer ou de Libra,
no cometa que vaga sozinho e frio e branco no universo,
pois nenhuma sonda atrevida chocou-se contra ele.

Meu amor está longe, longe, longe.
Em Órion, noutras galáxias,
talvez esteja noutro planeta azul
ou na explosão de uma anã-branca,
no falecer das estrelas, talvez ali esteja o meu amor...
no buraco negro ou no paraíso que há do outro lado,
na velocidade da luz,
na décima quinta dimensão,
na ordem caótica ou na constante mudança do universo.

Meu amor está longe, bem longe.
Está na expansão ou na retração cósmica,
está na implosão ou explosão primordial
ou no segundo antes -se realmente houver tal segundo perdido- dela.

Meu amor está longe.
Meu amor se faz longe.
E de tão longe, torna-se próximo.
E de tão próximo, longe, longe, longe.
Meu amor talvez esteja dentro de mim ou fora.
em minhas artérias, em minhas espinhas tardias,
em meu cabelo que, sem eu permitir, cai,
nas batidas do coração, nos tendões feridos,
na cárie que penetra meus ossos,
na cólica renal, na dor do adeus, na alma abatida,
na palavra não dita, mas pensada, por isso viva.

Meu amor está tão longe, tão longe...
Está no mais profundo de mim,
está no minério meteórico essencial,
está em meu parentesco legítimo com as estrelas,
está na febre noturna, no olhar transparente e constelado,
na lua cheia e magnética e na maré agitada.
Meu amor perambula incerto nas vastidões
da confusa bruma do universo que sou...

2 comentários:

Anônimo on: 7 de agosto de 2007 às 14:30 disse...

oieeeeeee
amei o poema...
mtoh lindo msm pareçe
um poema parnasiano
lindo msm
bjuxx
qnd postar denovo me fala
:P

Rosário on: 26 de agosto de 2007 às 17:09 disse...

Percorri o caminho, a distância não de um amor específico, mas de um sentimento chamado amor, que se encontra próximo, longe, perto, dentro e fora de mim. (caráter místico)
Inicialmente, o seu (meu) amor está em alguma região, estado do país – acaso, mais precisamente em sua (minha) terra natal - onde talvez, a semente fora plantada e o fruto desse sentimento nasceu?
Por conseguinte, quem sabe? Em um país longínquo, na estética das coisas, na história circunscrita, registrada ou perdida; no aspecto cosmológico; geográfico, em alfa e ômega – mundo espiritual...
Mas afinal, onde esse amor (sentimento) se encontra? Uma das prováveis respostas advindas do mais íntimo do meu ser e vislumbradas através do espelho de minha alma (olhos), é que ele se encontra dentro de nós (mim), e quiçá, por medo de sofre, chorar, sentir, viver...Esteja tão longe ao mesmo tempo em que se encontra tão perto.
Por temermos a nós mesmos, não nos questionamos a respeito desse sentimento vivente em nosso universo macroscópico, nos prendemos muitas vezes, apenas ao microscópico. Vi combinadas todas as possíveis conjugações – eu, tu, ele, nós, vós, eles.
Dentro do “universo que sou”, mesmo não havendo interação com um universo adverso de mim posso captar com maior intensidade o universal, pois no mundo de experts cada vez mais ditos especializados, não conseguem atingir esse patamar. Segundo Gustorf, “Aqueles que governam o mundo, parecem incapazes de compreender o mundo[...]”.
Foi uma jornada e tanto, uma grande e infinita distância percorrida, até chegar a um lugar que, mesmo sem a sua exata definição, se nos abrirmos a deixar-se revelar, está em nós. Em um universo que é só meu, seu, teu, nosso...

 

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