O mar e o tempo




quarta-feira, 25 de julho de 2007

Sou um argonauta.
Um argonauta sem caminhos marítimos.
Um argonauta sem mar,
sem sonhos, sem ilusões.
Carrego no peito as dores da vida,
na mão, os calos da lida,
no olhar, o envelhecimento precoce.
Carrego no corpo franzino
alguns trapos adquiridos em algum cantão,
que já nem me lembro onde,
pois faz tanto que passei por lá.
Faz tanto tempo que passo...

O mar secou nas lágrimas contidas da sereia.
O mar se foi e meu barco se perdeu.
O que é um barco sem mar?
O mar virou deserto de dor e miséria.
O mar não tem metafísica.
Não tem poesia.
Não tem esplendor.
O mar se foi.
E com ele o barco e o argonauta que sou.
Nada me resta.
Somente espero.
Espero o sol nascer.
Espero o sol nascer sem o mar.
Espero o sol nascer sem o mar e sem horizonte.

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