Espera




domingo, 22 de julho de 2007


Você que se esconde nas florestas
evadindo-se do meu olhar,
correndo por campos perfumados,
saltando por espelhos d’água
mais ágil que uma corça,
saiba... eu te espero.
Nas noites sombrias:
Sinto você perto do meu coração.
Nos dias nublados:
Os ventos me trazem suas belas canções pastoris.
Eu espero você sempre ao amanhecer.
Penso e sinto sua falta.
Mas nunca te vi, é verdade.
Nem sei se você é ele ou ela.
Não sei...
Seus passos lentos nas folhagens secas...
Seu cantar...
Imagino seu olhar olhando o meu.
Apesar dos tempos tristes,
apesar das tempestades e das nuvens
que encobrem as estrelas numa noite que seria bela,
sinto sua presença cá dentro.
Sinto-a como sinto este papel.
E sem idealismo, sem ilusões,
mas com fé, quase monástica,
saiba...
eu te espero.
Sempre...

2 comentários:

Unknown on: 25 de julho de 2007 às 18:08 disse...

Sem duvida temos entre nós a um grande ser humano, alguem que tem uma sensibilidade desse jeito só pode ser uma pessoa muito amada por Deus...

Obrigado pelo seu talento e obrigado por ser parte e estar no meio de nós....

Rosário on: 4 de agosto de 2007 às 10:49 disse...

Lindo!!Espera!Esperar sempre! Não entendo de poesia, mas me veio a melancolia neste poema, uma das características dos poemas mórbidos... Vejo a espera como algo a querer se concretizar, a querer se solidificar, porém não chega a se realizar plenamente, apesar de “sentir a sua presença cá dentro” como você disse. Há sempre a espera, está sempre a espera por algo não definido (que procuramos definir), por algo imprevisto (que queremos prever). A princípio, interpretei na primeira estrofe, como uma espera pela amada; depois, no decorrer do poema fui sendo levada por caminhos imprevisíveis, pois a suposta amada passou também a poder ser um amado, aí fiquei confusa e cheguei a humilde conclusão que o poema não queria atingir apenas um vigor amoroso determinado – não era questão de gênero – mas sim uma indeterminação que transcendia o sentido da espera amorosa, indo chegar por fim, ao um tom sublime e místico. Daí, o que era a princípio um amor-paixão determinado, passou a um amor-ágape indeterminado. Porém, ainda me sinto confusa, em uma espécie de labirinto lingüístico e morfológico do qual me embriago sem beber. Almejo uma conclusão clara e precisa da qual espero, talvez, nunca ter.
Narciso, você me deixa em total estado de equilibração/desequilibração. rsrs

 

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