Rosto suposto




quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Acredito que tenho um outro rosto.
Não este que, esporadicamente,
tenho coragem de encarar no espelho.
Mas outro.
Um rosto suposto
que habita em mim ou fora de mim.
Este rosto suposto
me traz um leve gosto
de paz, de alegria infinita
e me faz acreditar inocente
em manhãs ensolaradas,
em cantos de pássaros,
em verdes gramíneas.


É fuga?
É ilusão?
Talvez...
Mas além da dor,
além do Amor,
este rosto suposto
me espera e me chama
e um dia eu irei
e este rosto presente
esfacelar-se-á em semente
de uma nova esperança
que jamais esperei
e o meu rosto suposto
deixar-me-á absorto
quando enfim suplantar o mundo da suposição
para ser realidade absurda:
Rosto, espelho, luz
Tudo, nada e mais alguma coisa,
em minha vida transfigurada
em luz,
em luz,
em luz...


O meu rosto que já não será suposto,
será infinitamente formoso,
brilhará como o Sol
para todo o sempre,
será como o Sol
para todo o sempre,
será o Sol,
para todo o sempre.

Embora este rosto presente
esteja descontente
e ri com rancor
deste sempre inocente
que almejo chegar.
O meu rosto suposto
vai além do desgosto
e ousa sonhar
com esta paz infinita
que pelos tempos germina
e com o Sol que este rosto será,
florescerá,
sim, florescerá!






6 comentários:

Antonio † on: 22 de novembro de 2007 às 07:42 disse...

Poeta! :D

todos temos dezenas de rostos,
milhares de faces, só cabe a nós usá-las nos momentos apropriados.

flw

MaxReinert on: 22 de novembro de 2007 às 15:25 disse...

... que a revelação seja breve!!!!

Rodrigo Walace on: 23 de novembro de 2007 às 09:06 disse...

oi
profundo seu blog

Ninguém on: 25 de novembro de 2007 às 13:37 disse...

uma face para cada pessoa que habita nosso ser, nosso mundo particular, nosso mundo interno

Antonoly Maia on: 25 de novembro de 2007 às 14:15 disse...

Os rostos se confundem durante a vida e a morte!

www.ooohay.wordpress.com

Unknown on: 8 de agosto de 2009 às 12:26 disse...

O pintor do quadro usado no poema é René Magritte. Em uma entrevista, quando lhe perguntaram qual era o sentido de seus quadros, ele respondeu: é o mistério.

Todos os quadros de Magritte possuem algo de estranho e inexplicável: um retrato de alguém com uma maçã na frente do rosto, um pássaro feito de nuvens em um fundo escuro, dois amantes desconhecidos com os rostos cobertos por um lenço se beijando...

 

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